quarta-feira, 30 de setembro de 2009

In memoriam



Já estávamos 40 minutos atrasadas, como podíamos? Não dessa vez, era chegada a hora de darmos um basta a essa incontornável mania de estarmos sempre correndo contra o tempo e arranjando desculpas excusas. Não dessa vez. Será que ele já teria ido embora? Corríamos pelas linhas de metrô: ‘on change ici, et après on prend la ligne bleu’, ou seria a laranja? Não havia espaço para erros. Da saída do metrô vinha uma luz de um sol inconfundivelmente quente desse fim de primavera em Paris, esse sol que tanto gostaríamos de guardar em um potinho e usá-lo todos os dias diante da fria imagem do frio que nos aguarda. Minha parte de sol eu guardaria debaixo da cama, assim, à noite, eu poderia ver sua luz saindo por debaixo da cama e teria certeza que no dia seguinte ela iria me afastar do doloroso inverno do lado de fora.
No descampado dos Les Invalides todos voltavam sua atenção, ainda que tímida e disfarçadamente, para o mais belo par de olhos azuis que essa humanidade já conheceu. Não se tratam dos olhos por si só, mas do poeta que os porta. Meus caroAS, Chico Buarque planava graciosamente diante do Grand Palais com uma esfera de couro nos pés; para os corinthianos insensíveis de plantão ele jogava futebol. E não era o Politeama, mas o Paris te Amo! Sempre tão esperto!! Pelo Chico vale tudo, sãopaulino veste camisa do Palestra para fazer uma pontinha no time, faz um senhor gol e até é elogiado pelo mestre com um ‘boa garoto!’. Esse aí estava em polvorosa até algumas horas atrás, nem deve ter dormido dada a tamanha emoção de ter representado o verdão em Paris, que sonho!!
É preciso descrever brevemente meu estado. ÊXTASE! Mesmo após quarenta minutos minhas mãos tremiam. EmbasbacadoAS acompanhávamos ora a partida ora apenas o Chico. Ao fim da pelada vieram as fotos, perguntas sobre o que fazíamos em Paris (em com muito orgulho disse: estudaremos sociologia aqui!), um outro colega fflchiano (estávamos em peso, óbvio) entregou ao mestre a camisa do time ‘Homem Cordial Futebol Clube.’ “Somos todos desterrados em nossa própria terra”, dizia o verso. Ele vestiu, agradeceu e disse que mostraria à sua mãe; Mamélia vai gostar, acredito eu.
Escuto sua música agora do jeitinho sussurado e ao pé do ouvido que só os fones sabem proporcionar, e nem posso acreditar que esse malandro que agora cantarola foi o mesmo que vi hoje. Devo pontuar, minhas caroAS, que ele é hoje um senhor bem enxuto. E digo com propriedade, abracei sua cinturinha, com muito respeito (claro), durante a foto. E como tietagem não pode ter limite, ainda peguei um autógrafo seu no meu Moleskini. Ah... esse livrinho já começa a colecionar suas histórias.
Fui dormir decidida a escrever tudo isso amanhã, fui então tomada pela memória da Ná e corri a escrever. Tomada literalmente. Sua memória foi latente durante todo o dia, mas quando me deitei fui invadida pela ternura de sua imagem, pelas lembranças dos momentos alegres que ela proporcionou a mim e meus amigos e por sonhar que eu compartilhava essa história com ela.
Posso imaginá-la sorrindo e me abraçando de felicidade. Pude entender seu largo sorriso com uma leve alegria ingênua estampada em uma foto na mesma situação. Lembrei da minha alegria também estampada em minhas fotos e de minhas mãos trêmulas. Como minha querida amiga me entenderia! Assim como a amiga querida e herdeira dessa alegria contagiante certamente hoje entende. Sei que a Bia vibra agora, ou talvez tenha seus olhos marejados também por essas doces lembranças.


Que maneira doce de me despedir de setembro...


Vai a onda/vem a chuva/cai a tarde quem sopra meu nome...





terça-feira, 22 de setembro de 2009

O diário de Malinowski começa...



Olá meus querid@s!

resolvi fazer um diário-blog pra contar a tod@s vocês as novidades dessa minha nova aventura em terras estrangeiras.

Para aqueles que me conhecem de longa data tenham paciência pois ainda nem sei o que são cookies e scripts, levarei um certo tempo para memorizar essa tecnologia toda.

Tentarei postar com freqüência as minhas impressões sobre essa curiosa cidade fortemente miscigenada (embora os mais caretas não queiram admitir), com um metrô cheirando a urina (é, pois é!) e pessoas bipolares que ora te tratam com toda a politesse que manda o figurino ora como um insignificante turista. Mimetizá-los já faz parte do processo: já compro baguete enrolada num 'pedacico' de papel e queijos e vinhos todos os dias (aqueles com preço de estudante). Mas essa ambientação tem limite: o banho continua firme e forte e a pão durice está em dia como nunca!

Pra início de nossa conversa fico por aqui.

Beijos e mandem sms,

porque ligar aqui é só pra quem pode ($$$, e não vem ao caso).